O Giovani mandou mais uma de suas lembranças:
Estória II:
Certa feita, num daqueles dias de provas, lembro-me apenas que era de tarde, fazia um calor terrível, e que era prova de cálculo. Não lembro do professor, mas era homem.
Me perdoe a falta de maiores detalhes e também me perdoe o Jorge (Baixinho) caso não ter sido com ele.
Nessas alturas, nossa lembrança pode nos sacanear com os personagens.
Estávamos todos apreensivos com a tal prova, que com toda a certeza seria uma lavada geral de notas ruins.
A gente sabia quando isso iria acontecer, pois conforme tivera sido o andar das aulas anteriores e o entendimento da matéria, podia se ver nitidamente nos semblantes dos pobres colegas, o terror da aproximação de tais datas.
E não adiantava consolação, de outro colega dizer:
- Bah não sei nada, não entendi nada! Que consolo seria isso, já no dia da prova e sem mais tempo hábil de rever os assuntos?
Colar até se podia, mas tentar é que era o problema e outro problema é colar o quê, numas matérias de contexto intrincado e de muito raciocínio?
A solução era encarar de frente e ver no que dava.
Dava até raiva quando alguém num dias desses, ria por alguma coisa. Era sinal que estava tranquilo e que tinha estendido tudo e podia fazer a prova sem problemas.
Dava assim sinais que estava preparado, enquanto nós pobres mortais estávamos indo para o matadouro.
Hoje entendo que se ri também de nervoso e não só de satisfação ou alegria.
Os mestres, ah!!! Os mestres, estes sempre bem enfáticos em cobrar tudo o que podiam das matérias, sem perdão nem dó, e com uma paciência sempre no limite, talvez, por terem de ficar o dia inteiro enjaulados naqueles prédios esqueletos, e ter de dar aulas e dominar um bando de alunos estressados e com uma vontade de aprender que só jogando goela abaixo.
Lembro-me do Liur sendo perguntado sobre o que cairia nas provas dele:
- Ele sempre respondia: ENTRA TUDO! E se cairia tal questão: CAI DE BALDE !!!
Eles também sofriam a sua cota, compreendo.
Mas voltando ao Baixinho.
Separem as cadeiras !. Gritou o professor!
O nervosismo aumentou astronomicamente.
O pouquinho que eu sabia, nesse grito daí , meu conhecimento se perdeu como fumaça.
E agora só me resta olhar para os lados e ver alguns semblantes para me confortar.
Do meu lado esquerdo o 1berto(Montenegro), do meu lado direito o querido Jorge (baixinho), só que dessa vez com alguma coisa diferente, que eu nunca tinha visto nele.
Eu não sabia que ele sofria de hiperhidrólise, apesar de ter convivido uns 3 semestres com o cara.
O cara estava pálido, duas rodas de suor em baixo das axilas, do tamanho de bolas de basquete, e com dois rolos novinhos de papel higiênico em cima da mesa, sendo que no canto direito ao lado das canetas um monte (uns 30 cm de altura) de papel higiênico rasgado parecendo um ninho de ratos que ele, já antes de iniciar a prova estava secando as mãos.
Que cena pessoal. Como eu poderia me tranquilizar um pouco, vendo tudo isso?
- O professor se aproxima para entregar a prova e pergunta pra ele:
- Pra que isso?
- Ele responde: é que eu sou meio nervoso! E apertando a mão fechada escorreu suor como torneira.
Só que nem vi o professor me olhando também, e ele se vira pra mim e pergunta brabo:
E tu, qual o teu problema? Pensando na cabeça dele, que eu iria colar do baixinho! Já que eu não parava de olhar aquilo tudo.
- A gente era meio nervoso também, assim como eram os professores e já retruquei!
- Nenhum, eu nãoooo tenho problema nenhum!
Com isso o baixinho sacou mais um rolo de papel, puxou, puxou, puxou, uns dois metros, esfarelou nas mãos, jogou no monte encima da mesa, baixou a cabeça e se afinou em cálculos .
Fiz o mesmo e jamais teria me lembrado disso se não fosse esses nossos encontros.
Bom só queria confirmação tua baixinho se era tu mesmo? Senão, vou ter de lembrar melhor quem era o verdadeiro.
Hoje, com certeza, já deves ter feito cirurgia e resolvido todo este transtorno.
Até a próxima, que vai ser a do Pedro.
Forte abraço amigo e a todos o leitores dessa outra lembrança que tb existiu.
Giovani
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