segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Pois aí vai mais uma do Giovani

Estória VIII

O caderno maldito de Educação e Saúde.
Cada vez, cada temporada , uma surpresa nos tempos do Liberato.
Vcs sabem que muitas coisas acontecem fora dos nosso roteiros , pois parecem que tem vida própria e assim se desenrolam e nos enrolam numas situações sem saída.
Aconteceu então comigo, uma sucessão de fatos que levou a culminar numa situação muito delicada.
Não lembro bem do nome da matéria, mas era alguma coisa referente à saúde.
Pediria que comentassem o nome da matéria por favor.
Não lembro tb o nome da querida profa, que tinha na época seus 45 anos, e usava sempre um lenço na cabeça.
Era uma Aux de enfermagem ou talvez já fosse Enfermeira mesmo, que se habilitou no nosso colégio a dar lições de saúde e primeiros socorros e coisas do gênero.
Eu achava ela muito dedicada e interessada, em nos passar alguma coisa de útil da área que ela trabalhava.
Tinha um emprego paralelo num hospital da região.
Sinceramente, lembro que não dávamos o mínimo valor e tínhamos pouco interesse em aulas que fossem fora dos termos técnicos de Eletro.
Achávamos estas coisas só para encher murcilha, sem utilidade e só para nos fazer perder tempo na área técnica.
Hj sabemos que estávamos redondamente equivocados e uma das melhores e mais produtivas aulas que tive na vida foi a de (....) Artes que uma outra professora nos fazia fazer trabalhos manuais.
Com ela aprendemos o valor de uma bela cablagem.
Foi por intermédio desta, que o colégio promoveu uma ação para escolher a nova sigla logotipo do LIBERATO.
Apesar de eu adorar a antiga, que tinha engrenagem , raio e tubos de ensaio no Logotipo.
A atual do grande "L" vermelho abraçando o mapa verde do RGS, me parece muito moderna até hj, e não qualifica bem os cursos e sim o colégio fazendo sua função da abrangência dentro do estado.
Mas sem dúvidas é muito criativa eu reconheço.
A antiga era charmosa e dizia o que o colégio fazia e preparava nas áreas técnicas.
A moderna é que o colégio se estende e avança para dentro do estado, como já disse.
Bem mas,...voltando a cena fatídica...
Nesta matéria não teria prova e sim a nota seria dada apenas com a apresentação dos apontamentos, das lições dadas nas aulas.
Eu tinha tudo escrito,tinha anotado tudo que ela havia dado em aula, cujo costume dela era de encher dois ou três quadros escritos por aula.
Eu tinha até mais do ela pedia, com anotações do que ela dizia na hora, mas estava em rascunho de papel já utilizado.
Não era um apontamento de apresentação e sim só de estudo.

E o que aconteceu?: para não tirar nota ruim....tirei ZERO ! e quase fui expulso. Talvez não tanto, mas uma suspensão, achei que iria ganhar...

Eu tinha a matéria toda rascunhada, para em casa passara limpo .
A letra era horrível, era muita matéria (dois quadros negros cheios por aula) e eu não tinha tempo, o que foi fazendo eu deixar para adiante, e adiante até ter uma brochura escrita o que me deixou literalmente neste estado... toda vez que ia tentar começar a passar a limpo...
Ocorre que um dia ela disse:
- Semana que vem VOU RECOLHER OS CADERNOS DE ANOTAÇÕES ...

Tremi, pois sabia da enorme tarefa que eu tinha naquela semana pela frente, sem contar com os outros trabalhos e estudos que estavam atrasados.
De tarde eu ia para a firma no estágio e quando saía de noite, mal dava tempo de fazer os temas do dia.
Não sei pq fui relutando em começar a tarefa de limpeza a tal ponto que passou do tempo hábil ...um dia antes da entrega e era de noite, já.
Será que me esqueci?
O que me fez pensar numa alternativa:

Pegar o caderno bem feitinho do Edegar, que era de uma outra aula e colocar uma nova capa sobre ele de papel aluminizado ,bem reluzente para disfarçar e mandar bala...ganhar um 9,ou 10.
Com minhas anotações próprias eu iria receber um mísero 4 ou 5.
Mas teria recebido tranquilo, sem traumas uma nota na média e não teria me ralado.

Acontece que, como já lhes falei, quase ninguém dava o devido valor a estas aulas e eu também não fui o único a ter a brilhante ideia de pegar um caderno bem feito e... do Edegar.
Como o Edegar dava todo o respeito aos professores e fazia a lição de casa, ele tinha o tal caderno, nos conformes.
Depois dele apresentar e ganhar sua nota , o caderno apareceu pelo menos umas 15 vezes em sequência da fila, daquela mesma sala de aula.
E o caderno foi amaldiçoado lá mesmo... pela profa, que já havia dado um zero para um espertinho.
Mas ele não me falou nada e me emprestou de bom grado , dando-me a granada mas guardou o pino com ele.
Explodiu comigo e com a aula cheia de colegas boquiabertos vendo o que eu tinha feito.

A gritaria da profa numa histeria, jamais vista por mim.
Muitos colegas paralisados me olhando, e olhando para ela na frente da sala, sem saber DE NADA!
Meu mundo caiu. Um buraco se abriu no chão mas eu não entrei.
Me segurei nas bordas, e entalei ali.
Todos os meus colegas vendo-me na frente da sala sendo exorcizado pela profa, aos gritos sem saberem, o que era.
Mas Eu sabia o que era.
Era o caderno emprestado que eu tinha pego, e que ela já havia cansado de dizer desde o nº 1 que ela estava chamando em ordem alfabética ( eu era lá pelo 15), que queria somente as anotações pessoais de cada um e não dos outros, como já havia acontecido em outra sala.
Mas eu tinha colocado capa dourada, sublinhado todos os títulos com caneta hidrocor de diversas cores e colocado meu nome na contracapa.
Não adiantou. Ela lembrava das 15 ou 20 vezes que havia dado nota para ele, lá na outra sala.
Todos rindo de mim , rindo de nervosos com tal situação, inclusive com seus próprios nervosismos.

Eu grunhindo e amassando a capa do caderno que ela arrancou, fui e joguei no lixo, enquanto a profa gritava , blasfemava batendo com o caderno na mesa.
- Aqui está ele! O CADERNO!
- Eu falei que queria as anotações pessoais e não dos outros!!!.
- Este caderno foi apresentado em toda a outra sala de aulas, e lá eu já tinha dado um zero para ele .
- E agora ele aqui !
- Dou ZERO de novo!
Putz! era eu! E era comigo!

O Morais imitava minha voz ,fazendo um som de choramingança e ria em tudo que eu tentava argumentar .
Como quem diz...
- este se F... errou!.
As gurias com os olhos esbugalhados , pensando:
Vai ser expulso! Coitado!
E pensavam; com certeza pensavam :
- pq ele foi fazer isso? coisa tão esdrúxula?

Eu andava encima do estrado da frente da aula, desde a profa até a porta e não conseguia olhar nos olhos de ninguém.
Me sentia um ser ínfimo e culpado, por fazer a prof ficar tão mal assim, afinal eu tinha muito carinho por ela.
Ela era uma pessoa muito simples, mas se sentiu humilhada por mim e muitos outros a se sentir uma idiota , como se ela não fosse reconhecer o tal caderno MALDITO.
Ocorre que não era essa nossa intenção( a minha pelo menos), e sim apenas ganhar uma nota, sem ter de passar a limpo nossas tão mal feitas escrituras.
Ela ficou histérica ao máximo.
Perdeu o controle total da situação e só não me matou , isto tenho certeza, porque não resolveu isto .
Ela achou aquilo uma afronta e falta de respeito total com ela, pois ela já vinha vindo sob pressão pela falta de interesse de todas as salas que não queriam aulas com ela. Nem era com ela o problema e sim com a matéria.
Ela não era ruim. Era um enfermeira que não tinha, eu acho, o mestrado para dar aulas.
Ela sabia da matéria pq era profissional antiga em enfermagem, mas para nós cfme me lembro(não posso generalizar pelos outros), nós tínhamos que aquelas aulas eram fora do currículo de Eletro e servia apenas para perder tempo. Era um equívoco total.
Como alguém vai convencer um adolescente e dizer que aquelas seriam aulas produtivas para a vida?
A opinião que tínhamos é que sabíamos de tudo... e a vida seria longa... com todo o tempo do mundo. Mas ela já não pensava assim,era vivida.
Outra aula julgada na época ,sem muita produtividade para nós( o que hj vejo ser um tremendo erro de análise) , eram as dadas pela professora de artes, cujas aulas foram, e são até hj inspiradoras, para se fazer as coisas com visão melhor e mais bem feitas.
Hj tenho a oportunidade de explicar tudo.
Não me absolver, mas explicar o desenrolar deste fato que realmente aconteceu.
Foi o que me aconteceu.
A próxima vai ser sobre o concurso de estampas de tecidos e que ganhamos um diploma da firma Matarazzo de S. Paulo, nas aulas da profa de artes.
Abraços a todos e comentem alguma lembrança que me faltou.
Giovani

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